O Ministério da Saúde divulgou, recentemente, o Boletim Epidemiológico Mercosul – COVIGSAL, documento que reúne informações atualizadas sobre o perfil epidemiológico das arboviroses, cobertura vacinal, tuberculose, Sífilis, Doença de Chagas Congênita, Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19, Influenza e Vírus Sincicial Respiratório (VSR).
A publicação é resultado da cooperação entre os países integrantes do Mercado Comum do Sul (Mercosul), como Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, com o objetivo de promover o intercâmbio de dados epidemiológicos e subsidiar estratégias de ações integradas.
A experiência global com a pandemia de Covid-19 evidenciou que a intensa mobilidade populacional contribui para a disseminação de doenças, reforçando a necessidade de manter a vigilância em Saúde dentro e entre os países, com foco na situação epidemiológica.
Nesta edição, o boletim também passou a incluir indicadores de mortalidade prematura por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), bem como mortalidade por acidentes de trânsito e a prevalência de tabagismo.
Principais destaques no Brasil
No Brasil, Dengue, Chikungunya e Zika continuam representando um grave problema de Saúde pública, impulsionado pela ampla presença do mosquito Aedes aegypti, pelas dimensões continentais do País, além das diferenças regionais nos criadouros e elevada mobilidade populacional.
Em 2024, foram registrados 6.563.561 casos prováveis de dengue, com incidência de 3.087,5 casos por 100 mil habitantes. No mesmo período, foram confirmados 6.321 óbitos entre 106.427 casos graves, resultando em uma letalidade de 5,94%.
A chikungunya contabilizou 263.502 casos prováveis, com incidência de 124 casos por 100 mil habitantes. Foram 246 óbitos confirmados entre 263.502 casos prováveis de chikungunya, resultando em uma letalidade de 0,09%. Já a zika registrou 2.037 casos confirmados e letalidade de 0%.
Em relação à tuberculose, apesar dos avanços nas estratégias de controle, o cenário atual ainda envolve desafios para o alcance das metas de eliminação da doença como problema de saúde pública. Em 2024, o Brasil registrou 85.936 novos casos da doença, com incidência de 40,4 por 100 mil habitantes. Em 2023, foram registrados 6.025 óbitos, resultando em um coeficiente de mortalidade de 2,85 por 100 mil habitantes.
No mesmo período, a taxa de mortalidade prematura por doenças crônicas não transmissíveis (DNT) foi de 302,5 óbitos por 100 mil habitantes na faixa etária de 30 a 69 anos, considerando doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas.
Quando o assunto é cobertura vacinal, ela segue como elemento essencial para o controle de doenças imunopreveníveis. Em 2024, a cobertura da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, alcançou 95,78% na primeira dose, atingindo a meta estabelecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). No entanto, a segunda dose apresentou cobertura de 80,32%, abaixo do patamar recomendado de 95%.
Dados Mercosul
Durante o ano de 2024, a Argentina enfrentou surtos de dengue e chikungunya, sendo o dengue o de maior impacto, com 582.296 casos e incidência de 1.237,1 por 100 mil habitantes. Já a chikungunya registrou 843 casos e letalidade nula. A tuberculose permanece um desafio para a saúde pública argentina. A taxa de notificação tem apresentado aumento nos últimos anos, alcançando 33,8 por 100 mil habitantes em 2024.
As coberturas vacinais na Argentina, em 2024, continuaram abaixo das metas ideais de 95% para as vacinas essenciais. A primeira dose do sarampo alcançou 83,2%, e a segunda dose apenas 46,7%. A poliomielite seguiu um padrão similar, com a terceira dose em 77,6% e o reforço em 47,6%.
No Paraguai, em 2024, foram registrados 86.625 casos de dengue (confirmados e prováveis), com surtos relatados em diversas regiões do país. Em relação à chikungunya, não foram registrados surtos significativos em 2024. Ao todo, foram notificados 44 casos. Quanto ao Zika, não houve registro de casos no período.
Ao longo de 2024, o Paraguai apresentou avanços expressivos na ampliação das coberturas vacinais. No caso do sarampo, o país atingiu 90% de cobertura para a primeira dose da vacina SPR1 (Sarampo, Parotidite e Rubéola). Em relação à poliomielite, a cobertura nacional para a terceira dose alcançou 80% na população de 6 meses.
Em abril de 2023, o Uruguai registrou pela primeira vez um surto de chikungunya. O ano de 2024 destaca-se pelo maior surto de dengue já registrado no país nos últimos anos.
O Uruguai demonstrou resiliência, mantendo coberturas de vacinação altas e próximas da meta de 95%. O sarampo e a poliomielite (IPV) permanecem em níveis seguros (97% e 94% na 3ª dose). A exceção é o reforço do sarampo (95%) e a vacina contra a covid-19, cuja cobertura de 89% na população total exige atenção.
Os países do Mercosul compartilham uma agenda comum e prioritária para enfrentar as doenças não transmissíveis (DNT) e as lesões de trânsito: reduzir os fatores de risco, ampliar o acesso a cuidados integrais e mitigar as desigualdades em saúde.