Na noite da última terça-feira, 29 de abril, o Instituto de Ensino Superior da Associação Paulista de Medicina (IESAPM) realizou uma aula magna para seus alunos, contando com a apresentação do coordenador do Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), Jayme Malek Junior, que falou sobre o tema “Modelo de gestão: uma necessidade”.
Malek relembrou a sua trajetória profissional, salientando que desde muito jovem sempre teve o sonho de ser cirurgião. Ao se formar em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, ele construiu carreira no município e lembra que o hospital em que atuou por mais de 30 anos foi um dos primeiros do interior a se vincular ao CQH, já que a Diretoria da época era muito ligada às questões de qualidade assistencial.
Assim, o hospital passou a ter a ideia de que a força de trabalho precisava ser mais bem cuidada e foi definido que os trabalhadores precisavam de um cuidado de saúde especial, de modo que o médico foi convidado para fazer o atendimento exclusivo dos funcionários.
Para ele, este era um desafio, já que a sua especialização era em Cirurgia Geral e ele não possuía especialidade em Medicina do Trabalho. Foi então que viu a oportunidade de se especializar na área. “Como cirurgião, jamais tinha pensado nisso, mas sempre aproveitei as oportunidades que apareceram e achei o curso de especialização em Medicina do Trabalho na Unicamp.”
Neste contexto, optou por deixar a Cirurgia e focar na área trabalhista, setor que o aproximou da qualidade assistencial e o fez perceber que precisava ter mais domínio em determinados assuntos, como, por exemplo, na administração. “Comecei a ver um pouco mais tarde que o modelo de gestão que eu via no CQH também existia no cooperativismo. Era o mesmo modelo traduzido para diversas áreas, me entusiasmei muito e acabei especializando isso na Saúde.”
Modelo de gestão e CQH
Jayme Malek evidenciou que o CQH tem como principal objetivo fazer com que os hospitais aprimorem a sua gestão. Para isso, o programa utiliza um pequeno roteiro em que os hospitais começam a traçar a maturidade para a qualidade. “Nós temos uma ferramenta na atual versão do modelo, porque ele também foi se desenvolvendo, é a melhoria contínua, ele vai se modificando por meio do aperfeiçoamento de seus parceiros nos diversos outros setores.”
Atualmente, o modelo tem uma essência, que é a sigla PDCA – planejar, do (fazer), check (verificar) e agir –, metodologia que norteia a execução das iniciativas de gestão na instituição. “A fase de planejamento pressupõe o levantamento do cenário atual, o que está sendo falado e o porquê. A adequação de contexto vai me colocar à frente de padrões estruturados para execução de um processo, projeto ou produto. Nós procuramos traduzir para o hospital quais as ferramentas reconhecidas que podem ser utilizadas – algumas não são habituais, mas as instituições se debruçam a aprender e a utilizar. Nós trazemos boas práticas e hospitais que se desenvolvem mais que outros podem compartilhar as suas experiências.”
Depois do planejamento, vem a proatividade, ou seja, a antecipação de problemas, seguida por integração dentro do planejamento, abrangência da ação, agilidade, verificação e, como última fase, o aprendizado. “Nós damos para o hospital opções e, embora tenhamos um roteiro a ser seguido, ele é definido pela organização, que tem a liberdade de definir qual ferramenta vai utilizar, e é perfeitamente possível a adaptação. No fim, todos os colaboradores são incentivados a utilizar essa sequência.”
Malek aproveitou para mostrar os oito fundamentos do CQH, que se dividem entre pensamento sistêmico, aprendizado organizacional e inovação, orientação por processos, liderança transformadora, adaptabilidade, desenvolvimento sustentável, compromisso com as partes interessadas e geração de valor. Cada um deles possui subtemas, somando 28 deles.
Finalizando, o coordenador demonstrou como isso é apresentado para os hospitais, destacando que existe toda uma metodologia para a aplicação. “No documento, ele está destrinchado e vai sendo realizado com adequação, proatividade, agilidade, abrangência, controle de padrões e aperfeiçoamento. O hospital vai entender e vai fazer a prática”, complementou.
Fotos: Reprodução aula magna

