Riscos da má alimentação passam de pais para filhos na concepção

Uma alimentação paterna rica em alimentos doces e gordurosos pode favorecer o aumento de peso e gordura corporal em seus filhos

O que diz a mídia

Uma alimentação paterna rica em alimentos doces e gordurosos pode favorecer o aumento de peso e gordura corporal em seus filhos. E o que aponta um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e publicado na revista científica Food Research International. A pesquisa sugere que a qualidade dos alimentos ingeridos pelo pai pode influenciar o eixo intestino-cérebro da prole, sistema que conecta os dois órgãos e está relacionado a problemas metabólicos, entre eles a obesidade.
O trabalho, financiado pela Fapesp, analisou e dosou em ratos proteínas e outros fatores relacionados a homeostase energética (manutenção do equilíbrio entre energia fornecida e dissipada), processos inflamatórios e doenças metabólicas nos filhotes machos e constatou alterações que podem programar a suscetibilidade a doenças.
Na pesquisa, os cientistas induziram a obesidade nos roedores, dando a eles uma dieta com alto teor de gorduras e carboidratos. Para os machos, a alimentação hipercalórica foi fornecida durante as dez semanas que antecederam o acasalamento e, para as fêmeas, durante toda a gestação e a lactaçào.
Amostras de sangue e tecidos dos filhotes machos foram avaliadas em duas ocasiões: logo após a lactaçào, aos 21 dias de vida, e no início da vida adulta, quando completaram 90 dias. Nos dois momentos foram encontradas alterações em fatores associados à homeostase energética. Pesquisadores identificaram o aumento do processo inflamatório, da adiposidade, além de ganho de peso associado ao aumento de neuropeptídeo Y e diminuição de greli- na e de GLP1, hormônio do trato gastrointestinal que atua na regulação do apetite.
Segundo Luciana Pellegrini Pisani, professora do Departamento de Biociências da Unifesp e orientadora do estudo, quando os filhotes se tornaram adultos (aos 90 dias de vida) “houve alteração na adiposidade e parâmetros de controle de fome e saciedade, independentemente da própria dieta”. Isso significa que, mesmo com uma alimentação equilibrada, ocorreram aumento de acúmulo de gordura e alteração no apetite, o que “eleva a probabilidade de desenvolvimento de doenças metabólicas ligadas à obesidade na idade adulta”.
Os resultados permitiram concluir que a alimentação de ambos os genitores pode modular as bactérias na microbiota intestinal da prole e programar sua suscetibilidade a doenças metabólicas.

Fonte: O Globo