Presidente da APM apresenta principais lutas da classe médica à Comissão de Saúde da Alesp

Antonio José Gonçalves falou sobre Exame de Proficiência, Carreira de Estado e outros temas

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A Associação Paulista de Medicina, representada pelo seu presidente, Antonio José Gonçalves, esteve na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) na manhã da última quarta-feira, 20 de agosto, para uma apresentação à Comissão de Saúde, liderada pela deputada estadual Bruna Furlan.

Sob o tema “Medicina e Saúde no Estado de São Paulo – Carreira Médica e Interiorização no Atendimento da População”, Gonçalves iniciou apresentando a APM, relembrando da grande capilaridade que a entidade possui no estado de São Paulo, o que possibilita a fusão entre conhecimento e participação das especialidades médicas. O médico falou sobre os principais atrativos da APM, com destaque para a sua sede, o Instituto de Ensino Superior, credenciado pelo MEC, o prédio residencial e o Hotel Fazenda da entidade.

“As escolas médicas viraram um grande negócio e isso distorceu de maneira muito forte a formação. O nosso objetivo é uma formação de qualidade, ao passo que o objetivo dessas instituições é o lucro. Isso é o que nós precisamos combater e denunciar. Os dados da Demografia Médica no Brasil, da FMUSP, AMB e Ministério da Saúde, são concretos e servem para nortear uma política pública federal. E agora em novembro, vamos lançar os do estado de São Paulo”, expressou.

O presidente da APM aproveitou o momento para falar sobre a necessidade de aplicação do Exame Nacional de Proficiência em Medicina – algo comum em países da Europa, no Canadá e nos Estados Unidos, no sentido de que os recém-formados em Medicina comprovem as suas aptidões para, então, conseguirem exercer a profissão.

“Existe uma diferença fundamental entre o Exame de Proficiência e o Enamed (Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica), já que, neste último, mesmo se o aluno for reprovado, ele vai conseguir tirar o CRM e ter a sua licença para clinicar. Na Proficiência não, se ele não passar no exame, não vai conseguir o registro e não vai atender a população. O Enamed é importante, mas não substitui a proficiência, que tem como principal objetivo proteger os pacientes”, explicou. 

Especialização

Outro ponto de preocupação que vem afligindo os médicos é o programa Agora Tem Especialistas, lançado recentemente pelo Ministério da Saúde. Para Antonio Gonçalves, há um forte receio de que aconteça com a residência a mesma coisa que houve com a graduação, possibilitando a abertura de programas sem condições mínimas para a formação de um especialista.

Além disso, a explosão de pós-graduações em determinadas áreas da Medicina também configura uma apreensão. “Esses cursos são certificados pelo MEC, mas não fornecem o título de especialista. Este só pode ser obtido por quem fez a residência médica ou se submeteu aos exames de título, elaborados pelas sociedades de especialidades e chancelados pela AMB. Nós precisamos manter a nossa residência médica, com as suas 2.880 horas e 80% de carga prática, em hospitais com infraestrutura e movimento considerável para poder formar bem os nossos especialistas”, salientou.

Gonçalves ainda destacou que a distribuição dos profissionais no Brasil é inadequada e uma forma eficiente de solucionar este problema seria por meio da elaboração da Carreira de Estado – assim como acontece no Judiciário – levando profissionais para as regiões mais afastadas do País.

Em relação à Demografia Médica Paulista – que está sendo elaborada em parceria entre a Associação Paulista de Medicina, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo – ele enfatizou que é necessário ter os dados do estado para que seja possível traçar políticas públicas adequadas. “A Demografia Paulista vai nos evidenciar esta distribuição inadequada de médicos e, assim, teremos elementos estatísticos muito confiáveis para poder reverter esta situação”, concluiu.

Ao final da apresentação, as considerações do presidente da APM foram comentadas por alguns deputados presentes na audiência, como Beth Sahão, Edna Macedo, Elton de Carvalho Júnior e Oseias de Madureira. Também participaram do evento o diretor da 3ª Distrital da APM, Othon Mercadante Becker; e o delegado da APM e ex-vereador de São Paulo, Gilberto Natalini.

Antonio Gonçalves também concedeu uma entrevista à TV Alesp, falando sobre a importância de aumentar a representatividade médica no estado de São Paulo. Confira a seguir:

Fotos: Alesp