Representando a Associação Médica Brasileira, o presidente da Associação Paulista de Medicina, Antonio José Gonçalves, foi um dos palestrantes do III Fórum de Residência Médica em Cirurgia do Aparelho Digestivo do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), realizado na última quarta-feira, 12 de novembro, em São Paulo. Sua apresentação focou em “Especialização Médica” e abordou panoramas atuais e futuros.
O fórum faz parte da XXIV Semana Brasileira do Aparelho Digestivo, evento organizado pelo CBCD em parceria com a Sociedade Brasileira de Endoscopia e Endoscopia Digestiva (Sobed) e a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), que vai até o próximo dia 15, sábado, contando com vigorosa programação científica, envolvendo mesas-redondas, painéis internacionais, conferências e oficinas práticas.
Especialização
Gonçalves recordou que, no Brasil, há três diferentes formas de se obter o título de especialista. Elas se dividem entre os programas autorizados pela Comissão Nacional de Residência Médica, os programas residência símile mantidos por hospitais e sociedades de especialidades e a comprovação do dobro do tempo da residência no exercício da especialidade – sendo que nas duas últimas é necessário prestar a prova de título.
Ele aproveitou para exibir alguns dados da Demografia Médica no Brasil dos anos de 2023 e 2025, estudos realizados pela Associação Médica Brasileira em parceria com a Faculdade de Medicina da USP e o Ministério da Saúde. “Atualmente, das 70 mil vagas autorizadas, temos ocupação de 46,6 mil delas, isso representa uma ociosidade de 33,5%.”
O presidente da APM também salientou qual será o papel das sociedades de especialidades no âmbito dos programas Agora Tem Especialistas e Mais Médicos Especialistas. “Elas serão responsáveis por credenciar e fiscalizar os novos serviços, criando a estrutura necessária para que isso seja viável. Além disso, também terão o aval para interferir na formação de especialistas de qualidade.”
Propondo a reflexão dos presentes, ele evidenciou as propostas da AMB, que envolvem um teste seriado para todas as residências e especializações, levantamento de todos os centros formadores credenciados pelas sociedades de especialidades (que já vem sendo realizado) e uniformização das avaliações das residências credenciadas pelas sociedades de especialidades.
“Além da forte fiscalização de ‘pseudo’ residências que se intitulam como cursos de especialização, mas que não possuem credenciamento das sociedades de especialidades. Também precisamos discutir a recertificação periódica do título de especialista a cada cinco anos por meio de atualizações, algo que, atualmente, não é obrigatório”, complementou.
Para Antonio Gonçalves, o evento foi fundamental para se discutir a importância de manter a qualidade da formação dos especialistas. “Estamos estimulando, tanto na Associação Paulista de Medicina quanto na Associação Médica Brasileira, a realização, por todas as sociedades de especialidade, de fóruns de avaliações sobre os seus programas de residência médica, no sentido de aperfeiçoar e promover debates, revisão da matriz de competências e possibilitar o eventual credenciamento de serviços que, realmente, tenham condições de formar mais especialistas, mas com qualidade.”
Ele demonstrou que este é o momento ideal para impedir que o programa Agora Tem Especialistas, do Governo Federal, tome as mesmas proporções desastrosas do Mais Médicos. “Não podemos deixar que se abram residências em locais que não têm condições de formar o médico residente por falta de estrutura hospitalar, de movimento de pacientes, de falta de docentes e preceptores qualificados. Então, é totalmente importante que as sociedades de especialidades participem e melhorem esse processo, sem deixar cair a qualidade, já que são elas que detêm o conhecimento médico e podem formar especialistas de qualidade, levando, consequentemente, a uma atenção adequada à população”, concluiu.
Fotos: Divulgação CBCD
