Acidentes ofídicos no Brasil acumulam mais de 31 mil vítimas em 2021

O novo Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde – órgão do Ministério da Saúde – analisa os mais recentes dados em relação aos acidentes ofídicos no Brasil

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O novo Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde – órgão do Ministério da Saúde – analisa os mais recentes dados em relação aos acidentes ofídicos no Brasil. O acidente ofídico, também conhecido como ofidismo, se classifica como o quadro de envenenamento ocasionado pelo contato com o veneno de serpentes após o seu bote. A pasta traz informações referentes ao ano de 2021, quando do total de notificações, 31.354 foram de ataques ocasionados por serpentes.

No País, estes envenenamentos são divididos entre quatro grupos, sendo eles: acidentes botrópicos, maioria no País, causados por jararacas; crotálicos, ocasionados por apenas uma espécie de cascavel no território brasileiro, a Crotalus durissus;laquéticos, ocasionados pela maior serpente peçonhenta das Américas, a Lachesis muta – popularmente conhecida como surucucu-pico-de-jaca; e elapídicos, causados por cobras corais verdadeiras e com ocorrência menor de casos.

Os dados obtidos pelo estudo estão disponibilizados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e foram atualizados em 6 de agosto de 2022, representando 12,2% das notificações registradas pela pesquisa, de modo que é o segundo acidente mais frequente causado por animais peçonhentos, posterior apenas aos acidentes por escorpiões.

Principais dados

A análise aponta que os estados com os maiores índices de notificações por acidentes ofídicos foram o Pará, com 5.723; Bahia, 3.118; e Minas Gerais, totalizando 3.030 casos. Norte e Nordeste, juntos, notificaram cerca de dois terços de acidentes ofídicos de 2021 – mesmo representando apenas 36% do total da população.

Em relação às taxas de incidência por ofidismo, a pesquisa demonstra que o estado de Roraima foi o que registrou os maiores números, com 68,64 a cada 100 mil habitantes. Em seguida, está o Amapá, totalizando 52,19 por 100 mil habitantes. Ao todo, o Norte apresentou taxa de incidência de 55,16/100 mil habitantes, o que representa 3,8 vezes a mais da taxa de incidência das demais regiões, que totalizam 14,7 acidentes a cada 100 mil habitantes.

O Sul apresentou a maior taxa de letalidade, com 0,59%. Sobre as unidades federativas com os maiores índices de letalidade, destaque para o Amapá, com 1,09%; Maranhão, 0,89%; e Rio Grande do Sul, 0,85%.

Sobre as características dos pacientes, 76,3% são homens, que se autodeclaram como pardos (61,34%), na faixa etária dos 40 a 64 anos (34,74%) e moradores de zona rural (77,58%). A população indígena apresentou a maior taxa de letalidade, com 1,12%, tendo 2,5 mais chances de evoluírem o quadro a óbito quando comparados às demais raças/cores.

Óbitos

Até o momento, foram notificados 139 óbitos ocasionados pelo ofidismo no ano passado. As mortes estão concentradas sobretudo nos estados do Maranhão, 20; Pará, 18; e Minas Gerais, 16. O Nordeste foi a região com mais notificação de óbitos, totalizando 50 deles, seguido pelo Norte, com 42.

Vale destacar que a administração precoce das substâncias contra a disseminação do veneno é fundamental para evitar o agravamento dos casos, podendo levar a lesões renais agudas e nas situações mais extremas, à morte.

Os pacientes afetados pelo envenenamento devem receber diagnóstico e tratamento em centros especializados e de referência, que possibilitem suporte adequado aos casos. Vale salientar que o Sistema Único de Saúde está preparado para fornecer atendimento qualificado, de forma gratuita para toda a população.